Opnião

Algumas raças e entre elas o Pit bull e o American Staffordshire Terrier tem sido vítimas de preconceitos grosseiros, arcaicos e persecutórios. O AST não é um cão dócil, com outros cães e representa, de fato, uma ameaça para os seus semelhantes mas, para o ser humano, ele só se torna uma ameaça, quando existe um desvio de temperamento ou o treinamento é específico para o ataque, que direciona sua agressividade para as pessoas. Mesmo assim, se bem conduzido, pelo dono, não oferece perigo maior do que outro cão, treinado para atacar. Quando ocorreu a polêmica na mídia, a respeito de se extinguir certas raças, eu lutei, juntamente com outros criadores, para esclarecer os políticos, que estavam trabalhando com esta matéria. Estive na TV Bandeirantes, respondi perguntas de dois jornais, um de São Paulo e outro de Porto Alegre, estive numa rádio de PoA, com o intuito de esclarecer, colocar um pouco de luz nesta negra perseguição medieval, que nos lembra a época da inquisição. Aliás, só falta dizerem que o Pit Bull e o American Staff sejam provenientes do demônio!

Extinguir uma raça não irá resolver o problema dos ataques caninos. Agir desta forma seria o mesmo que condenar toda a humanidade, considerando a existência de criminosos, assassinos, estupradores, ladrões, etc. Enfatizei ainda que tenho mais receios do ser humano do que dos cães.

O ser humano é tomado por modismos e num futuro, não muito distante, a mídia adotará outra raça, como assassina e perigosa. Por outro lado, pela forma como muitos tratam os seus cães, neurotizando-os, não seria de se estranhar que seu comportamento se transformasse para pior. Ratificando esta questão eu diria que algo deva ser feito contra os maus donos e criadores. Penso que a CBKC deveria solicitar para os órgãos públicos uma fiscalização dos canis e monitorarem a forma como os cãos são tratados, do ponto de vista emocional e de saúde, envolvendo higiene e cuidados contra doenças infecto-contagiosas. A Secretaria da Saúde deveria fiscalizar os canis para que a comunidade tivesse maior segurança, na hora de adquirir um cão. Os maus criadores deveriam ser impedidos de registrarem os seus filhotes, suspensos ou excluídos. Cães acorrentados ou em espaços pequenos, deveriam gerar denúncias com as consequentes punições. Ocorre que, num país onde os direitos humanos ainda estão sendo conquistados com muita luta, o que pensar dos direitos dos animais …?

Dr. Nelson Filipini Almeida é médico, da Secretaria do Estado do Rio Grande do Sul, Médico da Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente do RS desde 1978, atuando como clínico e na área de saúde mental, Mestre em Nefrologia pela UFRGS

Proprietário do Canil NEW KRAFTFELD
VENCEDOR DO RANKING DE CRIADORES DO BRASIL – AST/ CBKC, por 3 anos consecutivos e mais de 14 anos, de dedicação e amor à raça.